Cachorrinho abandonado encontrou um lar no 17º Batalhão da Polícia Militar, na ilha do Governador
Informações Globo.com
OLHA O 'POLICIAU'| De um vira-lata abandonado a uma celebridade na internet com mais de 98 mil seguidores no Instagram. A vida do Cabo Oliveira mudou da ração para o filé mignon desde que seu tutor abriu uma conta na rede social para mostrar o dia a dia do novo integrante do 17º Batalhão da Polícia Militar, na Ilha do Governador. A primeira farda chegou três anos atrás, depois de dois meses de "experiência". De lá para cá, o cãozinho caramelo só vem acumulando likes e fãs pelo caminho. Confira a história do Cabo Oliveira e como ele virou um 'policial', influenciador e queridinho do bairro da Zona Norte do Rio.
— Quando ele apareceu aqui no batalhão estava bem agressivo. Mesmo com fome e com sede, não aceitava nada do que eu oferecia — conta o cabo Cristiano, responsável pelo animal, lembrando que de uma hora para outra, tudo mudou. — De repente, ele começou a andar atrás de mim. Se eu entrava na sala, ele ia lá ficar no ar condicionado. Se entrava na viatura, ele ia atrás de mim. Até o dia em que eu resolvi botar a "gandola" nele e tirar uma foto.
Gandola é como se chama a parte de cima da farda do policial. Para o uniforme ficar completo, Cristiano investiu num par e óculos escuros especiais para cachorro, pegou uma arminha de brinquedo velha do irmão e encomendou colete e outros badulaques num site chinês. A partir daí, Oliveira virou mascote não só do batalhão, mas como de todo o bairro, com admiradores até mesmo de fora do estado.
— Tive que virar blogueiro por causa dele. Se eu fico três dias sem postar, as pessoas cobram — diz Cristiano, que chega a recebe 200 interações no perfil num dia comum — Volta e meia tem alguém pedindo para tirar foto com ele. Teve até uma mulher que veio do Recife. Ela perguntou se o aeroporto ficava perto do batalhão, e foi lá conhecer o Oliveira.
O perfil é fiel à rotina do pracinha de quatro patas na corporação. Ele aparece em rondas na viatura, resolvendo pendengas administrativas no escritório, conferindo documentação de indivíduos, correndo atrás de motos para fazer exercício e manter a boa forma e até recebendo salário no fim do mês no caixa eletrônico. "Tá na conta, pessoAU", avisa aos colegas.
Num post com mais de 43 mil curtidas, o doguinho aparece de óculos escuros, farda e cara de mau com a frase clássica do filme "O exterminador do futuro": "Hasta la vista, baby". Nos quase dois mil comentários, chuva de elogios e até pedido de promoção para Oliveira.
"Cadê a promoção do Oliveira, meu Deus! Sargento Oliveira, pô!", escreveu um. Já outro mandou na lata: "Mais padrão na hora do que muitos companheiros na época do Exército, hein?".
As postagens em que ele aparece andando de moto também fazem sucesso.
— Ele aprendeu a andar de moto. Prendo a guia na mochila, e ele vai com as patinhas no tanque — explica Cristiano, que faz questão de frisar que os dois usam capacete — Quando ele vê alguém sem capacete, late.
Influenciador nato, Cabo Oliveira não foge à regra dos blogueirinhos e também posta seus "recebidos", mimos que lojas e marcas mandam em troca de divulgação espontânea ou paga.
— Ele recebe petiscos, saco de ração, e eu posto — diz o administrador do perfil. — Tem gente que chega a ganhar 500 seguidores depois disso.
O sucesso nas redes sociais não mudou apenas a rotina de Cabo Oliveira, mas também de seu tutor.
— Antes eu trabalhava no setor de estratégia da polícia, agora faço parte do time das redes sociais. Mas o conteúdo do Oliveira eu faço nos meus dias de folga e nos fins de semana, quando levo ele para o batalhão para fazer produção — diz Cristiano, explicando as mudanças na rotina também trouxe benefícios para a corporação. — A PM do Rio tem uma imagem bem pesada. Com o Oliveira a gente consegue mudar um pouco isso. A mudança reflete até mesmo no pessoal aqui do batalhão. As pessoas já chegam aqui rindo.
Há sete meses, Cristiano levou Oliveira definitivamente para casa.
— Ele ficou um tempo morando no batalhão, mas ia atrás de mim quando eu ia embora. Me escoltava até em casa, e voltava sozinho um trajeto de quatro quilômetros. Agora não precisa mais.
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